O preço médio do diesel em Fortaleza atingiu o preço de R$ 7,840/litro, enquanto o preço médio da gasolina ficou em R$ 7,839/litro
Frente aos sucessivos aumentos dos preços nos combustíveis pela Petrobras, o custo do litro do diesel passou o da gasolina, em Fortaleza, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgado nesta sexta-feira (24).
O preço médio do diesel nos postos de abastecimento em Fortaleza atingiu, na semana de 19 a 25 de junho, o preço de R$ 7,840/litro, enquanto o preço médio da gasolina ficou em R$ 7,839/litro. Já o diesel S10, o preço ficou em R$ 7,898/litro. Inclusive, esses valores são maiores que a média nacional que chegou a R$ 7,883/litro.
POR QUE O DIESEL ESTÁ MAIS CARO QUE A GASOLINA?
Dentre as principais causas deste cenário, está a substituição da gasolina pelo diesel nas operações logísticas do mercado internacional, é o que explica o conselheiro do Corecon/CE, Ricardo Coimbra.
“O diesel ficou mais caro por conta do aumento da demanda em relação ao mercado internacional. Frente ao processo de recuperação e retomada da economia do mundo, além de um possível custo-benefício, o diesel passou a ser mais utilizado que a gasolina nos processos produtivos”, esclarece.
Já o consultor da área de petróleo e energia, Bruno Iughetti, destaca que a insuficiência produtiva da Petrobras para abastecer o mercado nacional e internacional também tem influência no encarecimento dos combustíveis.
Segundo ele, esse preço “ocorre em decorrência da alta demanda e uma contrapartida de melhor oferta, em função da guerra da Rússia e pela escassez de diesel no mercado internacional. Hoje, a Petrobras consegue suprir apenas 80%, os outros 20% devem ser importados, o que resulta em quase 14 bilhões de litros importados ao mês”, explica.
CONSEQUÊNCIAS
Segundo Ricardo Coimbra, a principal consequência desse aumento do diesel frente a gasolina é a inflação em determinados produtos.
Com diesel em alta, o reflexo é a inflação dos produtos com necessidade maior do diesel, não só no transporte, mas também na cadeia produtiva”
RICARDO COIMBRA – Conselheiro do Corecon/CE
Para Iughetti, há ainda o risco de desabastecimento no mercado doméstico a partir do terceiro trimestre deste ano.
A primeira consequência é a escassez de diesel no mercado internacional. Em seguida, existe a possibilidade de desabastecimento no mercado doméstico, frente a defasagem entre a demanda local e a internacional. Isso pode acontecer ainda no terceiro trimestre de 2022″
BRUNO IUGHETTI – Consultor da área de petróleo e energia
Questionado sobre a lei que estabelece o teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo, sancionada na última quinta-feira (23), Iughetti destaca que o instrumento tem a intenção de regular os preços, mas que o efeito só poderá ser mensurado após o vigor da lei.
“O que temos até agora é a intenção de diminuir o preço para o consumidor final, mas não há como determinar isso agora”.
Com isso, a previsão é de que a partir do segundo semestre os preços sejam ainda maiores, principalmente por causa da substituição do gás russo da Europa pelo combustível, com as sanções impostas à Rússia pela invasão na Ucrânia.